As idas e vindas tornaram-se constantes. Já não sabia mais o que desejava fazia tanto tempo. O apartamento havia se tornado pequeno depois... não queria lembrar, não conseguia lembrar. Os vultos agora eram mais fortes e a última coisa que ele queria era que eles tomassem conta do que era. Sentado na cama, a cabeça entre as mãos, sentia atrás de si o respirar lento de Sofia. Mas não conseguia olhar. Havia tanto tempo, já não era mais a mesma coisa. Ela adormecera logo, com lágrimas nos olhos e ele passara a noite em claro contemplando a sutileza intolerável de seu corpo. Intolerável não conseguir tocá-la mais da mesma forma. Intolerável tentar imaginar como teria sido se a decisão fosse outra.
Levantou-se de súbito, Sofia ensaiava um abrir de olhos, lento como sempre. Saiu antes que ela pudesse falar. Colocou a primeira bermuda que encontrou, passou a mão nas chaves e saiu, batendo a porta num relance.
[Elisa, novembro 08]
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
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3 comentários:
ta bonito o blog.
adorei o "sutileza intolerável de seu corpo".
e adoro esse nome, Sofia.
conhece: http://apenasclaricelispector.blogspot.com/
?
bjcs natalinas.
hohoho
o som da porta ainda está no mar
muito bom parabens.
abraços esucesso
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